terça-feira, 20 de setembro de 2011

Entesopatia

São anormalidades das enteses, sendo mais frequente na parte de ligação com o osso. Pode ocorrer por processo inflamatório.

Enteses: são estruturas ligamentosas que ligam tendões, ligamentos, fáscias e cápsulas articulares ao osso.

Osteoartrose: é uma doença reumática mais prevalente, clinicamente, os pacientes apresentam dor com características mecânicas, rigidez matinal, crepitação, diminuição ou perda da função articular, além de deformidade.

Tratamento:

Cinesioterapia; exercícios isométricos e dinâmicos com pouca carga e muitas repetições; alongamento muscular; Treino de marcha e equilíbrio.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Shantala no Desenvolvimento Neuropsicomotor em Portador da Síndrome de Down

A síndrome de Down (SD) é a mais frequente anorma-
lidade cromossômica associada ao retardo mental, com
incidência aproximada de 1 em cada 700 nascidos vivos.
A desordem genética é atribuída à trissomia (92 a 95% dos
casos), mosaico (2 a 4%) e translocação (3 a 4%) do cro-
mossomo 21. Os fatores mais aceitos como predisponentes
são exposição a radiações, infecções e idade materna (MA-
LINI; RAMACHANDRA, 2006, p. 1). O diagnóstico pode
ser feito no período pré-natal através de técnicas específi-
cas que incluem ultra-sonografia, amniocentese e triagem
de alfafetoproteína (CARVALHO; SOUZA, 2004, p. 303).
No período neonatal o diagnóstico pode ser realizado clini-
camente e confirmado por estudo cromossômico (RIBEIRO
et al, 2003, p.141).
Em relação ao prognóstico, os portadores da SD apre-
sentam processo de envelhecimento precoce que é respon-
sável pelas alterações imunológicas, doenças auto-imunes
e neoplasias em faixa etária inferior à população geral. A
morbidade por doenças infecciosas é elevada, sendo mais
frequentes as infecções respiratórias.Nesta casuística de
alta morbidade, as cardiopatias apresentaram estreita re-
lação com a presença de infecções de repetição (RIBEIRO
et al, 2003, p.141).
O fenótipo dos indivíduos portadores da SD é variável,
afetando diferentes sistemas e tecidos. Dentre as alterações
musculoesqueléticas destacam-se a irregularidade da den-
sidade óssea, hipoplasia da cartilagem, baixa estatura e
frouxidão ligamentar (MIZOBUCHI et al, 2007, p. 266).
Em relação ao sistema nervoso central, observam-se menor
volume total do cerebelo, alterações celulares na região
do hipocampo e redução das sinapses no córtex tempo-
ral (MOLDRICH et al, 2007, p. 87). Alterações motoras
e perceptivas que afetam o controle postural também são
frequentes (LATASH, 2007. p. 962).
Segundo Corrêa et al, (2005, p. 19) o recém nascido
com SD apresenta dez características típicas: hipotonicida-
de, reflexo de Moro fraco, hiperextensibilidade articular, ex-
cesso de pele na região posterior do pescoço, perfil facial
aplanado, fissuras palpebrais em declive, aurículas anôma-
las, displasia pélvica, displasia da falange média do quinto
dedo e rugas simianas.
Ambrosano et al, (2005, p. 314) e Bissoto (2005, p. 80)
referem que o desenvolvimento psicomotor da criança por-
tadora de SD é semelhante ao desenvolvimento de crianças
sem a síndrome, porém geralmente ele se apresenta com
um ritmo mais lento. Estes autores sugerem que a hipoto-
nia muscular contribui para o atraso do desenvolvimento
motor e disfunções do esquema e imagem corporal, que
podem prejudicar o domínio dos movimentos e consciência
dos segmentos corporais, influenciando o desenvolvimento
neuropsicomotor.
Apesar da diferença entre o desempenho de crianças
com SD e com desenvolvimento normal, essa diferença
não permanece constante ao longo do desenvolvimento.
Estudos mostram que este atraso sofre influência da idade
e não deve ser entendido de forma linear (MANCINI et al,
2003, p. 409).
O desenvolvimento de indivíduos portadores da SD tem
sido estudado e medidas terapêuticas implementadas para
atender suas necessidades especiais. Estimulação fisiotera-
pêutica precoce, atenção à fala e a problemas específicos
de saúde que possam estar presentes vêm proporcionando
avanços no desenvolvimento físico e mental, aumentando
a expectativa de vida desta população (MOREIRA; GUS-
MÃO, 2002, p. 94).

O desenvolvimento neuropsicomotor depende da inte-
gração de vários sistemas, principalmente nervoso, motor e
sensorial. Fatores hereditários e interação com o ambiente
influenciam a maturação orgânica, principalmente do sis-
tema nervoso, interferindo no desenvolvimento cognitivo,
emocional e comportamental de bebês (BRÊTAS; SILVA,
1998, p.24). Daí a grande importância da estimulação
precoce no desenvolvimento de uma criança portadora da
síndrome de Down (ANNUNCIATO, 1994, p.4; OLIVEIRA
et al, 2003, p. 6).
Sabendo do processo plástico do nosso organismo,
principalmente do sistema nervoso (SN) que possui uma
capacidade de modificar algumas das suas propriedades
morfológicas e funcionais em resposta às alterações do
ambiente e da importância da intervenção precoce em
portadores da SD, optou-se pela utilização da massagem
Shantala.
Vários efeitos benéficos da massagem têm sido descri-
tos em crianças como melhora do desenvolvimento motor,
coordenação, agilidade, estado emocional (elementos fun-
damentais para a formação do esquema e imagem corpo-
ral). Estimula a maturação do SN através da função tátil
e o desenvolvimento do sistema sensitivo (BRÊTAS; SILVA,
1998, p.24; SCIAMMARELLA et al, 2002, p. 24). A mas-
sagem ativa a circulação e regula a frequência cardíaca,
combate a ansiedade, o estresse e transmite segurança à
criança. (LOPES; FARIA, 1994, p. 45; BRÊTAS; SILVA, 1998,
p. 24; HOLLIS, 2001, p. 30; SOBRINHO et al, 2004, p.
26; FOGAÇA et al, 2005, p.215).
Hollis (2001, p. 30) revisou 19 estudos sobre os efeitos
da estimulação tátil em bebês e em crianças jovens e ob-
servou que o desempenho nas atividades de vocalização e
nas habilidades motoras foi melhor no grupo que recebeu
a massagem em relação ao grupo controle.
Segundo Victor e Moreira (2004, p. 35), a massagem
Shantala estimula vários pontos harmonizando e/ou ati-
vando vários sistemas do corpo. Através da promoção da
comunicação tátil, ou seja, interação entre estímulo exter-
no e interpretação cortical, incentiva o desenvolvimento da
percepção corporal e psicomotora (BRÊTAS; SILVA, 1998,
p. 24; SCIAMMARELLA et al, 2002, p. 24; VICTOR; MO-
REIRA, 2004, p. 35).
Alguns genitores apresentam dificuldade em aceitar a
criança portadora da SD e integrá-la ao grupo familiar. A
massagem Shantala pode ajudar neste relacionamento pro-
porcionando um maior vínculo entre o cuidador e a criança
(SCIAMMARELLA et al, 2002, p. 24; SILVA; DESSEN, 2003,
p. 503; VICTOR; MOREIRA, 2004, p. 35) Sendo assim,
este estudo objetivou avaliar o efeito da massagem Shan-
tala no desenvolvimento neuropsicomotor de uma criança
portadora da SD.
Metodologia
Foi selecionada uma criança portadora da SD do sexo
masculino, com idade de dois anos, frequentadora da
APAE de Poços de Caldas, sendo o tratamento fisioterapêu-
tico realizado em seu domicílio.
Os pais foram conscientizados e assinaram um termo
de consentimento livre e esclarecido no qual foram especi-
ficados os objetivos do estudo, procedimentos, duração da
avaliação e benefícios esperados.
Foi realizada a avaliação neurológica segundo AMIEL-
-TISON (FONSECA, 2002, p.49) e aplicado um questioná-
rio a respeito do padrão de desenvolvimento de crianças
portadoras da síndrome de Down (LIMA, 2004) antes e
após o tratamento. O tratamento consistiu de 20 sessõesde massagem Shantala com duração de 50 min cada. Du-
rante a sessão utilizou-se óleo mineral dermatologicamente
testado, para reduzir o atrito com a pele.
A aplicação da Shantala foi dividida em dois momen-
tos: massagem e exercícios próprios da técnica. Escolheu-
-se um ambiente sem ruído, sem grande circulação de ar.
Quando houve queda de temperatura foi utilizado aquece-
dor em local próximo da criança que estava despida sobre
uma toalha num colchonete junto à terapeuta. As sessões
foram realizadas no período da manhã para não alterar a
rotina da criança.
A massagem foi aplicada no peito, abdômen, membros
superiores, membros inferiores e no rosto. Após a massa-
gem foram realizados exercícios específicos dessa técnica como: cruzar os dois braços sobre o peito, cruzar braço e
perna alternadamente, padmasana (cruzar pernas sobre o
abdômen).
Resultados
Ao início do tratamento a criança avaliada apresenta-
va-se com 24 meses, 10,8 kg e 81 cm de estatura.
A análise dos dados da Avaliação Neurológica de
AMIEL-TISON (Tabela 1) aponta uma melhora no tônus dos
membros superiores (Cachecol), do controle cervical (redu-
ção da flexão repetida do pescoço) e de tronco (redução
da flexão posterior e lateral do tronco), assim como no es-
tado de vigília/sono e no estado de alerta durante o teste.

Esta avaliação englo-
ba aspectos normais do comportamento de crianças porta-
doras da SD nos primeiros 12 meses de vida, aos 15 meses
e também aos 24 meses.
Compare os gráficos 1 e 2 e observe a melhora após
o tratamento refletida pelo aumento de 36% para 60% dos
itens que possuíam como padrão normal/presente. Os
itens do padrão ausente diminuíram de 29% para 17%,
os itens esboço/vestígio também apresentaram diminui-
ção de 29% para 17%. O padrão eventual não apresen-
tou alteração no valor da porcentagem, mas sim em re-
lação aos itens da avaliação como “Toca diversas partes
do corpo” que antes das sessões de massagem a criança
realizava, eventualmente, e depois da Shantala veio a ser normal/presente.

A análise do questionário respondido pela mãe indica
melhora na qualidade do sono, no manuseio e convívio
com a criança e no controle das pernas, visto que a mesma
começou a esboçar alguns passos.
Discussão e Conclusão
As características comportamentais observadas na
criança avaliada corroboram com as evidências de que o
desenvolvimento motor de indivíduos portadores da SD é
mais lento e sua idade cronológica é diferente da idade
funcional.
Os resultados positivos da estimulação através da
Shantala foram observados pela evolução em vários as-
pectos do comportamento motor, como desenvolvimento
da linguagem, melhora da preensão manual e da trans-
ferência manual de objetos, melhora do controle cefálico,
de tronco e de apoio para marcha, assim como da qua-
lidade do sono. A melhora no comportamento observada
neste estudo pode estar associada ao efeito benéfico da
massagem no processo de maturação neural (GUNNAR,
1992, p. 491). Embora os efeitos da Shantala na maturação fisiológica não sejam totalmente conhecidos, Fogaça
et al, (2005, p.215) sugerem que o sistema nervoso autô-
nomo e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenocortical sejam
os mediadores destes efeitos. Assim a massagem interfere
nos hormônios do estresse e neuropeptídios relacionados à
dor, relaxando e alterando o estado emocional da criança
(BRÊTAS; SILVA, 1998, p 24).
Buscou-se com esta intervenção o desenvolvimento
harmônico de vários sistemas orgânicos e funções, visto
que a experiência orienta o desenvolvimento estrutural do
cérebro. Na tentativa de alcançar um estágio um pouco
mais organizado, no que diz respeito ao desenvolvimento
neuromotor, buscou-se acelerar e/ou direcionar seu pro-
cesso de maturação central através de estímulo sensório-
-motor.
De acordo com Bretas e Silva (1998, p. 24) a comuni-
cação tátil-cinestésica favorece a mobilidade levando à re-
petição. Esta reprodução constante dos movimentos leva o
córtex a estabelecer o aprendizado. Além do aprendizado
do movimento há o processo de maturação conquistado
através da interrelação com o ambiente.
Os efeitos da massagem também têm sido descritos em
prematuros. Segundo Field et al, (1986, p. 654) os prema-
turos estimulados mostram ganho de peso e melhora do
comportamento motor em relação ao grupo controle.
Segundo o relato da mãe, a massagem melhorou a
relação e aceitação da criança assim como a qualidade de
seu sono. Dados semelhantes foram observados no estudo
de Vitor et al, (2004, p. 21) no qual as mães relataram que a massagem estimulou o toque e o carinho estreitando o
vínculo entre mãe e filho e contribuiu para um sono mais
tranquilo.  O fortalecimento da relação entre familiares
também foi descrito por Cruz e Caromano (2007, p. 11).
A análise dos resultados e do relato da mãe demons-
tra que a massagem Shantala contribuiu de forma positiva
para o comportamento motor da criança estudada.

Referências
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AUGUSTO, M. I. C. As possibilidades de estimulação de portadores da Síndrome de Down em musicoterapia.
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BISSOTO, M. L. O desenvolvimento cognitivo e o processo de aprendizagem do portador de Síndrome de Down:
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CARVALHO, V.; SOUZA, M. J. Criança com Síndrome de Down. In: FIGUEIREDO, N. M. A. (Org.). Práticas de
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